sexta-feira, 29 de abril de 2011

Obesidade Infantil


VOCÊ SABIA???
Que a falta de exercício físico na infância pode acarretar distúrbios emocionais, psicológico e motores?
Que uma em cada três crianças na idade entre 5 e 9 anos estão acima do peso recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS)?

            E que Segundo especialistas, a obesidade quando se manifesta na infância e persiste na adolescência, e não tratada a tempo, provavelmente se arrastará até a idade adulta?


Introdução
Nas últimas décadas, o aumento de peso tanto em adolescentes quanto em crianças aumentou consideravelmente, tornando-se uma epidemia mundial e um problema de saúde pública, tanto em países desenvolvidos como e desenvolvimento.
Para a Organização Mundial da Saúde, é uma doença crônica que se caracteriza por acúmulo de gordura excessivo no corpo trazendo consequências ruins para a saúde da pessoa, podendo levar a doenças crônico-degenerativas.

Causas
A obesidade é uma doença causada por um conjunto de fatores, tais como; Comidas industrializadas, saturadas e de rápido preparo, incentivadas pelos próprios pais, diminuição de espaços públicos para brincadeiras e exercício físico, sedentarismo, componente genético, condições financeiras, horas no computador, televisão e games.
Foi realizado um estudo em crianças comparando o tempo gasto em frente a TV. Foi verificado que 5 horas ou mais por dia acarreta uma prevalência de 35% de obesidade, enquanto 3 horas, 25%. Além de ter influência direta sobre o IMC, incentiva a prática do sedentarismo.
O sedentarismo na vida do indivíduo, tanto adulto como criança influencia no aumento de peso, porém, na idade entre 6 e 9 anos é que se estabelece os padrões alimentares e exercício físico, principalmente nas escolas. Em 2003, TREMBLAY e WILLMS realizaram uma pesquisa com 7216 crianças com idade entre 7 e 11 anos, encontraram associação negativa entre a prática de exercícios físicos e excesso de peso corporal e concluíram que o exercício físico sistematizado e diário são fatores de proteção para a obesidade.

Consequências
A obesidade na fase infantil pode acarretar: problemas ortopédicos, neurológicos, pulmonar, endócrinos, fatores de risco para doenças cardiovasculares (hipertensão arterial, dislipidemia, intolerância a glicose, hipercolesterolemia), conseqüências sociais e econômicas, e principalmente persistências da obesidade na vida adulta,Achados confirmam que crianças obesas tem o dobro de chance de se tornatem adultos obesos do que crianças eutróficas.  Além de problemas psicológicos como baixo auto-estima e isolamento.
60% das crianças obesas já apresentam um ou mais fatores de riscos cardiovasculares, principalmente quando a gordura se localiza na região abdominal, podendo levar à problemas metabólicos tais como: pressão arterial elevada, hiperinsulinemia, diabetes tipo 2 e dislipidemia  
Um estudo feito com crianças Australianas na faixa etária de 8 anos obesas e com sobrepeso, já apresentavam pressão sanguínea elevada e perfil lipídico alterado, além da síndrome metabólica .
HIGGINS et al. (2001), em estudo realizado com 87 crianças e adolescentes na faixa etária entre 4 e 11 anos de idade, foi constatado que uma circunferência da cintura > 71 cm estava associada a perfil lipídico alterado e fatores de risco para doenças cardiovasculares.

No estudo realizado por COWIN e EMMETT (2000), com crianças com idade entre 2 e 4 anos, os autores verificaram que o excesso de adiposidade na região abdominal estava associado com a concentrarão de triglicerídeos, portanto apresentou relação negativa com o HDL-colesterol, independente do índice de massa corpórea (IMC) e estatura.

Segundo DAVIGLUS et al. (2004), concentrações séricas elevadas de colesterol total, LDL-colesterol, VLDL-colesterol, e baixas concentrações do HDL-colesterol apresentam alta relação com a aterosclerose e problemas cardíacos. É importante ressaltar também que crianças e adolescentes com níveis elevados de colesterol apresentam maiores possibilidades de apresentarem estas concentrações elevadas na vida adulta (FREEDMAN et al., 1992)
Considerações finais

 

A obesidade e o sobrepeso estão ganhando espaço nas crianças e adolescentes do mundo inteiro, independente da classe social. Essa epidemia multifatorial pode causar diversas doenças cardiovasculares e alterações no quadro de saúde, tantos fisiológicos quanto psicológicos.  A atividade física assume um papel importante de prevenção e proteção tanto para as crianças como para os adultos, podendo evitar doenças e complicações como as citadas no texto. Mas para isso, é preciso uma conscientização dos pais, das autoridades e da população em geral sobre os benefícios do exercício físico. Seria muito mais eficiente, a implementação de atividades físicas nas políticas públicas do que o aumento de remédios de graça e aumento da mão de obra hospitalar, o que gera maiores custos para o país e para a própria população.

Referências
BALL E.J.; O'CONNOR J.; ABBOTT R.; STEINBECK K.S.; DAVIES P.S.W.; WISHART C.; GASKIN K.J.; BAUR L.A. Total energy expenditure, body fatness, and physical activity in children 6-9 y. American Journal Clinical Nutrition 2001, 74, p. 524-8.

Barbara A. Dennison, Tara A. Erb and Paul L. Jenkins Television Viewing and Television in Bedroom Associated With Overweight Risk Among Low-Income Preschool Children Pediatrics 2002;109;1028-1035.
 
BATH J.A.; BAUR L.A. Management and prevention of obesity and its complications in children and adolescents.
MJA 2005; 182 (3), p. 130-35.
 
BOUCHARD C, Atividade Física e Obesidade. Manole, São Paulo, 2003.
 
BURKE, V.; BEILINI, L.J.; SIMMER, K.; ODDY, W.H.; BLAKE, K.V.; DOHERTY, D.;KENDALL, G.E. Predictors of body mass index and associations with cardiovascular risk factors in Australian children: a prospective cohort study. International Journal of Obesity 2004, p. 1-9.
 
CHANGON Y.C.; RANKINEN T.;SNYDER E.E., WEISNAGEL S.J.;PERUSSE L.; BOCHARD C. The human obesity gene map: the 2002 update. Obes Res 2003; 11p. 313-67.
 
COWIN I.; EMMETT P. Cholesterol and triglyceride concentrations, birthweight and central obesity in pre-school children International Journal of Obesity (2000) 24, p. 330?39.
 
DANIELS S.R.; MORRINSON J.A.; SPRECHER D.L.; KHOURY P.; KIMBALL T.R. Association of body fat distribution and cardiovascular risk factors in children and adolescents Circulation 1999, 99, p. 541-545.
 
DAVIGLUS M.L.; STAMLER J.; PIRZADA A.; YAN L.L.; GARSIDE D.B.; LIU K.; WANG R.; DYER A.R.; LIOYDE-JONES D.M.; GREENLAND P. Favorable cardiovascular risk profile in young women and long-term risk of cardiovascular and all-cause mortality. JAMA 2004, 292, p. 1588-92. ABSTRACTS.
 
DAVISON K.K.; SCHMALZ D.L. Youth at risk of physical inactivity may benefit more from activity-related support than youth not at risk. International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity 2006, v3(5), p.1-27.
 
DEHGHAN M.; AKHTAR-DANESH N.; MERCHANT A.T. Childhood obesity, prevalence and prevention Nutrition Journal 2005, 4(24), p.1-8.
 
DENNISON, B.A.; ERB, T.A.; JENKINS, P.L. Television Viewing and Television in Bedroom Associated With Overweight Risk Among Low-Income Preschool Children.
Pediatrics 2002, v.109, p.1028-1035.
 
ESCRIVÃO M.A.M.S.;OLIVEIRA F.L.C.; TADDEI J.A.A.C.; LOPEZ F.A. Obesidade exógena na infância e na adolescência.
Jornal de Pediatria 2000, v76(suppl 3), S305-S310
 
FREEDMAN D.S.; BYERS T.; SELL K.; KUESTER S.; NEWELL E.; LEE S. Tracking of serum cholesterol levels in a multiracial sample of preschool children Pediatrics 1992, 90, p. 80-86.
 
FREEDMAN D.S.; SERDULA M.K.; SRINIVASAN S.R.; BERENSON G.S. Relation of circumferences and skinfold thicknesses to lipid and insulin concentrations in children and adolescents: the Bogalusa Heart Study.
American Journal Clinical Nutrition 1999, v.69, p. 308-17.
 
Guedes P.D.; Guedes P.R.E.J. Controle do peso corporal: composição corporal, atividade física e nutrição.
Manole, Londrina, 1998.
 
HANCOX R.J.; POULTON R. Watching television is associated with childhood obesity: but is it clinically important? International journal of obesity 2006, 30 (1), p 171-75.
 
KAIN J.; ALBALA R. U,; VIO, F.; CERDA, R. ; LEYTON, B. School-based obesity in Chilean primary School children: methodology and evaluation of a controlled study. International journal of obesity 2004, v. 28, p. 483-493.
 
LOWRY, R.; WECHSLER, H.; GALUSKA, D.A.; FULTON, J.E.; KANN, L. Television Viewing and its Associations with Overweight, Sedentary Lifestyle, and Insufficient Consumption of Fruits and Vegetables Among US High School Students: Differences by Race, Ethnicity, and Gender. Jsch Health 2002, v.72, n.10, p. 413-421.
 
LUO Z.C.; KALBERG J. Critical growth phases for adult shortness. American Journal of Epidemiology 2000, v152(2), p. 125-31.
 
MARTINEZ J.A. Obesity in young Europeans: genetic and environmental influences.
Eur J Clin Nutr 2000; v. 54 (suppl): 56S-60S.
 
MONTEIRO C.A.; CONDE W.L. Tendência secular da obesidade segundo estratos sociais: Nordeste e Sudeste do Brasil.
Ar. Bras. Endocrinol Metab. 1999, v.43, p.186-94.
 
NANCHAHAL H.; MORRIS J.N.; SULLIVAN L.M.; WILSON P.W.F. Coronary heart disease risk in men and the epidemic of overweight and obesity. International journal of obesity 2005, 29, 317-23.
 
NEMET D.; BARKAN S.; EPSTEIN Y.; FRIEDLAND O.; KOWEN G.; ELIAKIM A. Short- and Long-Term Beneficial Effects of a Combined Dietary-Behavioral-Physical Activity Intervention for the Treatment of Childhood Obesity. Pediatrics 2005, 114, p. 443-49.
 
ONIS, M.D. The use of anthropometry in the prevention of childhood overweight and obesity.
International journal of obesity 2004, 28, S81-S85.
 
PEREIRA LO, FRANCISCHI RP, LANCHAJr AH. Obesidade: Hábitos Nutricionais, Sedentrismo e Resistência à Insulina. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia e Metabolismo 2003; 47(2):111-127.
 
RÍO-NAVARRO B.E.; VELÁZQUEZ-MONROY O.; SÁNCHEZ-CASTILLO C.; LARA-ESQUEDA A.; BERBER A.; FANGHANEL G.; VIOLANTE R.; TAPIA-CONYER R.; JAMES W.P.T. The High Prevalence of Overweight and Obesity in Mexican Children. Obs Res. 2004,12, 215-23.

RUSH E.C.; PLANK L.D.; DAVIES PSW.; WATSON P.; WALL C.R. Body composition and physical activity in New Zealand Maori, Pacific and European children aged 5-14 years British Journal of Nutrition 2003, 90, p.1133-39.
 
SALMON J.; CAMPBELL K.J.; CRAWFORD D.A. Television viewing habits associated with obesity risk factors: a survey of Melbourne schoolchildren. The medical journal of Australia 2006, 184, p. 64-7.

SAXENA S.; AMBLER G.; COLE T.J.; MAJEED A. Ethnic group differences in overweight and obese children and young people in England: cross sectional survey. Arch. Dis. Child, 2004, 89, p. 30-6.
 
SCHWIMMER J.B.; BURWINKLE T.M.; VARNI J.W. Health-related quality of life of severely obese children and adolescents. JAMA 2003, 289,1813-19.
 
STEIN C.J.; COLDITZ G.A. The Epidemic of Obesity. The Journal of Clinical & Metabolism 2004, 89(6), p. 2522-25.
 
Tremblay M.S., Willms J.D. Is the Canadian childhood obesity epidemic related to physical inactivity? International Journal of Obesity 2003, 27, p. 1100-?1105.
 
WHITAKER, R.C.; WRIGHT, J.A.; PEPE, M.S.; SEIDEL, K.D.; DIETZ, W.H. Predicting obesity in Young adulthood from childhood and parental obesity. The New England Journal of Medicine 1997, v.337, p. 869-873.
 
WISEMANDLE W.; MAYNARD L.M.; GUO S.S.; SIERVOGEL M. Childhood Weight, Stature, and Body Mass Index Among Never Overweight, Early-Onset Overweight, and Late-Onset Overweight Groups. Pediatrics 2006, v106(1), p. 1-8.
 
World Health Organization. Obesity - preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO consulation on obesity. Geneva: World Health Organization, 1998.