segunda-feira, 11 de julho de 2011

Dormir também é treino – parte 2 – Como melhorar o seu sono

 

Autores: Felipe Nassau e Paulo Mendes

http://www.trustsports.com.br

 

 

 

 

Biomecânica aplicada ao sono

            Durante as fases profundas do sono, ocorre um menor trabalho dos músculos atuantes na ventilação, como o diafragma e os intercostais. Sendo assim, a quantidade de ar inspirado e expirado é reduzida, aumentando concentrações de CO2 no sangue e conseqüentemente tornando o sangue mais ácido, o que reduz a afinidade do oxigênio pelas hemácias, tornando-o mais disponível para as células do organismo. Porém, se essa acidose for muito elevada, o corpo necessita aumentar a intensidade da ventilação para “expulsar” mais CO2, fazendo com que o corpo saia de um ciclo mais profundo de sono para um estágio mais inicial de sono novamente. Assim, acreditamos que o sono profundo é interrompido por quadro semelhante à apnéia, o que pode ser atenuado pela posição de dormir.
            Mantendo as vias aéreas menos obstruídas e melhorando a capacidade do tórax se expandir é possível acreditar na permanência por mais tempo em fases de sono profundo, obtendo mais benefícios do sono reparador. Isso pode ser uma solução para quem já dorme bem e também para quem tem menos tempo para dormir. Otimizando o sono, pode ser necessário menos tempo dormindo para que se cumpra a sua função.
            Ao utilizar colchões muito macios, ocorre a tendência de “afundar” no colchão, fazendo com que os ombros comprimam a caixa torácica, sendo que o mesmo ocorre ao deitar de lado. O uso do travesseiro alto aproxima o queixo do tórax, aumentando a obstrução da glote, dificultando também a respiração.
            Ao deitar em superfície mais rígida, a coluna vertebral obtém um apoio mais firme, fazendo com que suas curvaturas, sobrecarregadas durante o dia, alinhem-se novamente. Além disso, os ombros e as escápulas expõem mais o tórax, facilitando a expansão das costelas, logo, a respiração. Alem disso, o uso de pequenos rolos na região cervical afasta o queixo do tórax, deixando a glote mais aberta e facilitando a entrada de ar.
            Essa estratégia para dormir, apesar de não ser a mais comum na nossa sociedade, é amplamente utilizada pelos orientais antigos que dormiam em decúbito dorsal (barriga para cima), sem travesseiros, em tatames bem mais rígidos que os nossos colchões atuais, mundialmente conhecidos pelo seu estilo de vida longevo e menos estressado. Além disso, na natureza, pode ser observado que todos os mamíferos terrestres tendem a dormir com sua maior área corporal apoiada na superfície, sendo mais um possível motivo para condenar o sono em decúbito lateral.

Estratrégias alternativas para melhorar a qualidade do sono

            Práticas de relaxamento e alongamentos, por reduzirem a pressão arterial, podem ser altamente indicadas para facilitar o início do sono e a obtenção de um sono mais tranqüilo. Listamos como exemplo de técnicas de relaxamento:
- meditação,
- alongamentos,
- músicas suaves,
- leitura,
- banho natural e/ou frio próximo ao horário de dormir.
                        
Estratrégias Nutricionais
            Por meio da alimentação é possível otimizar tanto a secreção de testosterona quanto de hGH durante o sono. Diversas circunstâncias elevam os níveis séricos de tais hormônios. Quanto ao hormônio do crescimento e testosterona, é sabido que as seguintes situações executam essa liberação sinergicamente: hipoglicemia, hipotensão, hiperaminoacidemia, sono profundo, acidose, alguns minerais e aminoácidos específicos (comprovados cientificamente), além das características físicas do ambiente. Com base nessas informações, existe a viabilidade de prescrever determinados alimentos, minerais e até fitoterápicos que vão, consideravelmente, elevar a secreção noturna para tais hormônios.

Treinamento

            Sabe-se que o treinamento pode melhorar em muito a qualidade de sono e potencializar as respostas hormonais. Porém, indivíduos em overtraining tendem a ter maior dificuldade para dormir e ter um sono mais leve, logo, é fundamental controlar bem os parâmetros de treino. Uma atividade que dificilmente comprometerá os resultados do treinamento e pode favorecer em muito uma boa noite de sono é a caminhada leve por alguns minutos antes de dormir. Isso se deve ao aumento da captação da glicose minutos após o exercício leve, favorecendo uma menor glicemia e à vasodilatação promovida, reduzindo a pressão arterial antes do sono, promovendo um estado de maior relaxamento.


Referências

  • U.S. DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES. The Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood PressureNIH Publication No. 04-5230 .August 2004
  • ALVES, P; POIAN, A. Hormônios e Metabolismo: integração e correlações clínicas. 1ª ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2002.
  • GLEESON, M.; GREENHAFF, P.; MAUGHAN, R. Bioquímica do Exercício e do Treinamento. 1ª ed. São Paulo: Editora Manole, 2000.
  • GUYTON, A.; HALL, J.: Tratado de fisiologia médica. 11ªed. São Paulo: Saunders Elsevier, 2006.
  • HOWLEY, E.; POWERS, S. Fisiologia do Exercício: teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho. 5ª Ed. Barueri: Manole, 2005.
  • JUNIOR, T.; PEREIRA, B. Metabolismo Celular e Exercício Físico: Aspectos Bioquímicos e Nutricionais. 2ª ed. São Paulo: Phorte, 2007.
  • Rehman JU, Brismar K, Holmbäck U, Akerstedt T, Axelsson J. Sleeping during the day: effects on the 24-h patterns of IGF-binding protein 1, insulin, glucose, cortisol, and growth hormone. Eur J Endocrinol. 2010 Sep;163(3):383-90. Epub 2010 Jun 29.
  • Karimi M, Koranyi J, Franco C, Peker Y, Eder DN, Angelhed JE, Lönn L, Grote L, Bengtsson BA, Svensson J, Hedner J, Johannsson G.J Clin Sleep Med. Increased neck soft tissue mass and worsening of obstructive sleep apnea after growth hormone treatment in men with abdominal obesity. 2010 Jun 15;6(3):256-63.
  • Copinschi G, Nedeltcheva A, Leproult R, Morselli LL, Spiegel K, Martino E, Legros JJ, Weiss RE, Mockel J, Van Cauter E. Sleep disturbances, daytime sleepiness, and quality of life in adults with growth hormone deficiency. J Clin Endocrinol Metab. 2010 May;95(5):2195-202. Epub 2010 Mar 23.
  • Goh VH, Tong TY. Sleep, sex steroid hormones, sexual activities, and aging in Asian men. J Androl. 2010 Mar-Apr;31(2):131-7. Epub 2009 Aug 14.
  • Santtila M, Kyröläinen H, Häkkinen K. Serum hormones in soldiers after basic training: effect of added strength or endurance regimens. Aviat Space Environ Med. 2009 Jul;80(7):615-20.
  • Tyyskä J, Kokko J, Salonen M, Koivu M, Kyröläinen H.Association with physical fitness, serum hormones and sleep during a 15-day military field training. J Sci Med Sport. 2010 May;13(3):356-9. Epub 2009 Jul 1.
  • CHRISTINA HALFORD, LISA EKSELIUS, INGRID ANDERZEN, BENGT ARNETZ;
  • KURT SVÄRDSUDD3 Self-rated health, life-style, and psychoendocrine measures of stress in healthy adult women. Upsala Journal of Medical Sciences. 2010; 115: 266–274
  • BRADLEY C. NINDL, WILLIAM J. KRAEMER,1–3,5 JAMES O. MARX,2,3 PAUL J. ARCIERO,KEI DOHI, MARK D. KELLOGG, AND GREGORY A. LOOMIS Overnight responses of the circulating IGF-I system after acute, heavy-resistance exercise. 90: 1319–1326, 2001. J Appl Physiol
  • Mary Fran Sowers,; Huiyong Zheng, Howard M. Kravitz, Karen Matthews,  Joyce T. Bromberger,  Ellen B. Gold,; Jane Owens,  Flavia Consens, Martica Hall. Sex Steroid Hormone Profiles are Related to Sleep Measures from Polysomnography and the Pittsburgh Sleep Quality Index.PhD  SLEEP, Vol. 31, No. 10, 2008

Nenhum comentário:

Postar um comentário